Análise da Balança Comercial de Mato Grosso do Sul

BALANÇA COMERCIAL – MS


A balança comercial de Mato Grosso do Sul vem apresentando resultados positivos desde o início de 2014, conforme podemos verificar no gráfico (01). Houve assim um bom resultado alcançado no ano passado com um saldo de US$ 1.312.665.278 (FOB), da qual, foi obtida uma exportação equivalente à US$ 4.735.117.462 (FOB) e importação equivalente à US$ 3.422.452.184 (FOB).

É importante ressaltar que as exportações não são tributáveis (de acordo com a Lei Kandir - Lei Complementar Nº 87, de 13 de setembro de 1996). Dessa forma, não afeta diretamente para as receitas do Estado.

Gráfico 01 - Balança Comercial - Mato Grosso do Sul - US$ (FOB)

Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL - MS

           
No gráfico (02) é possível notar que no período analisado está ocorrendo um fraco desempenho das importações (em valores monetários), que representa importante parcela da arrecadação do ICMS. Com isso, apesar do saldo apresentar resultados positivos, pouco afeta a saúde financeira do Estado.

Gráfico 02 - Evolução das Exportações e Importações - MS - US$ (FOB)


Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL – MS


            É notório que embora ocorra uma tendência de queda no valor importado, o mesmo não se verifica quando a análise passa a ser a quantidade (kg) importada, da qual manteve certa constância no período destacado para o Mato Grosso do Sul, conforme demonstrado a seguir:

Gráfico 03 - Evolução das Exportações e Importações - MS – (KG)



Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL – MS



PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2016
           
Ao comparar o desempenho do primeiro trimestre da balança em 2016, verificamos um aumento das exportações (como já destacado, não é relevante diretamente para as arrecadações do Estado). Nota-se também uma importante queda nas importações variando de 40% a 50% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto essa queda é bem menos impactante quando vista em relação a quantidade importada, conforme demonstrado nas tabelas a seguir:

Tabela 01 - Incremento em Valores US$ (FOB) 2016/2015
Mês/FOB
Exportação
Importação
Janeiro
-1,65%
-48,52%
Fevereiro
50,33%
-41,35%
Março
36,75%
-42,77%
Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL – MS


Tabela 02 - Incremento de Quantidade (KG) 2016/2015

Mês/KG
Exportação
Importação
Janeiro
3,73%
-7,74%
Fevereiro
102,76%
-4,48%
Março
42,76%
3,98%
Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL - MS


                No período de janeiro a março (2016), o gás natural no estado gasoso representou 65,32% das importações, enquanto nas exportações o principal produto verificado é a soja (incremento de 95,86% em relação ao mesmo período do ano passado), da qual, significa atualmente cerca de 29,32% dos valores para o Estado de Mato Grosso do Sul, segundo dados do MDIC.


            As tabelas (03 e 04) apresentam os principais produtos presentes na balança comercial do Estado durante os três primeiros meses desse ano. Além de apresentarem a participação de cada um desses produtos e verificar os mesmos em relação ao ano anterior.

Tabela 03 – Incremento (2016/15) dos Produtos Importados – Somatório Jan - Mar
Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL – MS

Tabela 04 – Incremento (2016/15) dos Produtos Exportados – Somatório (Jan – Mar)
Fonte: MDIC. Elaboração Observatório Econômico - SINDIFISCAL – MS

A queda nas importações se deve principalmente ao gás natural importado da Bolívia, que conforme destacado houve uma grande redução em relação ao valor importado, porém, essa grande queda não se verifica em sua quantidade, fato relevante dado que representa importante parcela da arrecadação de ICMS. Vale ressaltar que não existem perspectivas de mudanças nos preços do Gás Natural importado, dado que, os números são acordados em contrato.

As exportações têm apresentado grandes incrementos no primeiro trimestre de 2016 nas duas formas de análise (valor e quantidade), dado às melhoras na produção de grãos, tais como, milho e soja.  Entretanto os preços em queda foram afetados pelo fraco desempenho dos compradores, essencialmente a China. Conforme pode ser visto na tabela (05):

Tabela 05 – Variação do Preço Negociado da Soja e Milho
DATA
SOJA
MILHO
01.05.2016
0.29%
-3.51%
01.04.2016
12.85%
11.14%
01.03.2016
5.98%
-1.36%
01.02.2016
-2.41%
-3.97%
01.01.2016
2.17%
3.84%
01.12.2015
-2.04%
-3.83%
01.11.2015
-0.40%
-2.55%
01.10.2015
-0.73%
-1.42%
01.09.2015
0.51%
3.33%
01.08.2015
-6.92%
0.87%
01.07.2015
-9.07%
-11.93%
01.06.2015
12.19%
20.09%
01.05.2015
-4.38%
-3.96%
01.04.2015
0.46%
-2.72%
01.03.2015
-5.60%
-3.89%
01.02.2015
7.15%
5.67%
01.01.2015
-5.99%
-6.70%
Fonte: Portal Investing. Elaboração Observatório Econômico SINDIFISCAL - MS
           
            Segundo o relatório do CEPEA/ESALQ de março de 2016 no primeiro trimestre foram exportadas 65,1% a mais de soja em grãos e 20,2% de farelo de soja, em comparação com o mesmo período do ano passado no Brasil. Dessa forma, a grande quantidade ofertada, alta do dólar e desaceleração das economias afetaram fortemente os preços negociados.

O incremento na exportação é relevante para o desenvolvimento do Estado, introduz novas técnicas, gera contratação de pessoal, utilização de máquinas e tecnologias, entretanto, é algo que não gera recursos de forma direta para a arrecadação estadual (desenvolvimento desonerado). Por outro lado, as importações que impactam diretamente a arrecadação sofreram uma queda (em ambos os casos, valores e quantidade), resultando assim em uma falsa sensação quando é observado o resultado positivo da balança comercial.

REFERÊNCIA

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
CEPEA ESALQ/USP – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
Portal Investing

Equipe de Pesquisa do Observatório Econômico:
Marcos Miranda
Rodrigo da Rocha.

Clauber Aguiar - Diretor