Tons Estocásticos de Cinza


 “Trabalhar não está funcionando”. Premiada campanha publicitária, criada pela agência inglesa Saatchi & Saatchi nas eleições do Reino Unido em 1979, foi responsável em grande parte pela vitória do Partido Conservador  frente ao Partido Trabalhista, levando a Srª Margareth Thatcher ao cargo de primeiro-ministro, e consequente revolução do modelo econômico britânico.
Em 1999, foi eleito “O Melhor  Pôster do Século”. Dele, várias campanhas pelo mundo foram elaboradas com o mesmo fim, questionar o status quo...”Austeridade não está funcionando”...”Trabalho ainda não está funcionando”...”Obama não está funcionando”.
Muito além do trocadilho associado ao Partido alvo da crítica (Trabalhista), conseguiu alcançar a essência da quebra de paradigma almejada pela população. A despeito das taxas de desemprego da época, entre 4 a 5%, e que nunca foram muito melhores que isso.
Na figura, tons de cinza diferenciam pessoas, suas roupas e noções de profundidade. Cinza que transmite a ideia de tempos chuvosos, difíceis e sombrios. Porém a tinta cinza esconde o que o cartaz não pode mostrar, o colorido individual e único de cada trabalhador. Dentre outras, o verde da esperança, o amarelo da riqueza do trabalho, o vermelho do sangue e da vida. De fato não existe povo cinza, seus líderes que os pintam desta forma, omissos ou incompetentes que são.
Em 2015, no Brasil faltará a diversidade de tintas, “Trabalhar não está funcionando”. Permitiram, e mais uma vez o povo deverá suprir essa falta.


A valorização salarial acima do crescimento do PIB promove a divisão do bolo almejada pelo Prof. Delfim Neto. Em contra partida políticas populistas administram as taxas de desemprego numa escalada comprometedora aos cofres públicos ao ponto da provocar “tosse em vaca”.
Queda no resultado primário, gastos acima da arrecadação, reflexos de uma política econômica pautada nos índices de popularidade dos agentes políticos, a revelia da técnica e da realidade. Denunciam seus gestores, responsáveis pela colheita maldita, algozes de seu povo. Política de controle de preços sem criatividade, simplista sob taxa de juros administrados, nada de novo capaz de produzir esperança sequer no longo prazo. Mesmice da espera de bons ventos futuros que tragam novas ondas de crescimento. Não conduz, não lidera, não realiza; a incompetência não permite, aguarda ser conduzida.

Aumento médio anual do PIB, análise global pré e pós-crise financeira de 2008 a 2010./ Variação do PIB Brasil e previsão para 2015 e 2016.
Não enfrentamos apenas uma crise de período de baixo crescimento do GDP (Gross Domestic Product), ou Produto Interno Bruto. Antes um ciclo de desconfiança do atual modelo de gestão que perdura há meses. Urge a adoção do novo, da restauração da confiança no “Trabalhar funciona”. Aportuguesar GDP (Gestores De Produção), líderes que inspirem e não chefes que cobram e transferem a responsabilidade por maus resultados, idealizadores e construtores de um corpo e não o egoísmo de uma corporação.

A diversidade dos tons de cinza nos fala da multiplicidade de talentos existentes. Estocásticos pela singularidade que cada um possui. O mesmo cinza ou cinzas que pintaram o Japão pós-guerra, ou a Alemanha que no mesmo período sequer possuía mão-de-obra masculina para sua reconstrução, em número suficiente. O cinza da truculência, da soberba, da vontade maligna de subjugar o semelhante e suas ideias, da irresponsabilidade de atrasar o crescimento de um povo...  cinza que suja também os dedos do pintor, e com ele sua assinatura será impressa na tela.
Mato Grosso do Sul, SEFAZ, Grupo TAF, 803 tons sob as mãos de gestores em cujos ombros recai a responsabilidade pela construção de um novo modelo de administração tributária, inspirador, que traga cores ao nosso estado. Não apenas 803 tons, antes 803 cores diferentes, vivas, ricas, repletas de genialidades. Não apenas gestores, precisamos de verdadeiros GDP (Gestores De Produção), que fomentem a necessária revolução, e não mais levados pela evolução que nos trouxe até aqui. Somos capazes, merecemos.

(*)Número de servidores ficais do grupo TAF em dezembro de 2014.

Clauber Araujo de Aguiar
Fiscal Tributário Estadual
Diretor do Observatório Econômico-SINDIFISCAL - MS